Crítica Estruturada - Objeto de Luz e Sombra
KAROLINA FERNANDES CRISPIANO
O elemento compositivo escolhido por Karolina apresenta três fotografias dispostas lado à lado em simetria, margeadas por bordas brancas. O caráter sóbrio das fotografias em conjunto remete à formas sólidas e rígidas, o que desperta um olhar analítico dos elementos à primeira vista.
Contudo, ao observar as fotos individualmente, é possível explorar o perfil incorpóreo de cada. A primeira foto apresenta uma perspectiva expansiva e aberta, contrastando com a particularidade imersiva e introspectiva que as outras duas imagens introduz. A geometrização da luz na imagem representa bem o caráter sólido da imagem, causando uma sensação de seriedade. Contudo, a observação dos contrastes de luz e sombra é dificultada pela presença da textura de linhas no plano de fundo, que desvia o olhar para si e desfoca a intenção central da fotografia.
A fotografia do meio, por suas linhas curvas, causa uma sensação contrastante com a estagnação e a inércia das fotos dispostas ao seu lado, como um convite para o movimento do olhar para o centro. Tal experiência de imersão, porém, é interrompida pela ruptura do movimento da curva na parte direita da foto, que apresenta uma ponta do papel, rompendo o fluxo orgânico do olhar. A criação da espiral sutil transmite uma ideia de introdução de um novo espaço à seguir, como se a foto representasse uma espécie de lógica de movimento de transição para outro quadro.
A última foto, por sua vez, foi a que mais me chamou atenção. Ela é definida mais por uma sensação do que por uma forma. Minha primeira impressão sobre ela é de algo não corpóreo, como uma representação gráfica de aura espiritual. Quando abri essa imagem individualmente, fiquei quase como hipnotizada pelo centro da imagem, que convida o espectador à transpor a barreira física e adentrar na imagem por completo. Diferente da imagem à sua esquerda, essa não busca representar um movimento ou algo do tipo; sua sensação é pulsante e vibracional, proporcionando um mergulho sinestésico e estático.
ANDRESSA LAGARES JAMAL
Minha primeira impressão sensível sobre a composição da Andressa foi a de movimento. A disposição da leitura das imagens da esquerda para a direita convida o expectador à uma espécie de inclinação experimental semelhante com olhar para o céu durante o fenômeno migratório das aves. As sombras projetadas em formato de pássaro nas fotos abstraem-se em formas cada vez mais disformes à medida que o tamanho das imagens aumenta, reproduzindo a dinâmica de percepção de pássaros se aproximando.
Sua estratégia de perspectiva centralizada na sombra projetada, preterindo o objeto de papel disposto timidamente nas margens da imagens, cria uma impressão de profundidade e peso na imagem. Tal fenômeno é potencializado pelo aumento gradativo do arco sombreado que se forma acima da sombra do objeto.
A composição é rica na narrativa e no elemento compositivo de gradação, contudo, não explora outras perspectivas e nuances do objeto, entregando uma visão inflexível do mesmo.
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